O difícil é enfrentar o erro de não se previnir

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Lavando a Alma

Quando comecei a escrever o meu querido blog, imaginei fazer um diário. Escrever todos os dias, contar, na cronologia, tudo o que acontecia comigo. Descobri que é impossível. Os dias vão engolindo a gente... 

Minha vida mudou demais! Alguns pesadelos, de certo. Mas, muitas coisas boas também. E este post vai contar como a ABRALE mudou a minha visão do ser humano.

A ABRALE (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia) surgiu para mim através de um amigo. Fui indicada por ele para tentar um tratamento através da associação, num dos hospitais de filantropia existentes por aí. Não consegui meu tratamento através da ABRALE. Mas, conheci pessoas maravilhosas, médicos e profissionais da saúde que realmente se comovem e se importam com o que acontece na saúde pública e tentam intervir, sem descanso, para ajudar pessoas, que como eu, precisam de tratamento pelo SUS.

A querida Melissa, assistente da ABRALE, sempre me deu a maior atenção e acompanhou tudo o que eu passei. E, juro! Sentia que ela torcia por mim. Foram muitos telefonemas e lágrimas. E comemoramos juntas, também, quando eu consegui a minha cirurgia no Pérola.

Um dia, no final do mês de agosto, a Melissa me perguntou se eu não gostaria de participar de um vídeo institucional, com o meu depoimento (entre outros), que seria exibido no Congresso Todos Juntos Contra o Câncer. Claro que sim! Se desta forma ajuda, vamos lá! Estamos juntas nesta!

E assim aconteceu. O pessoal da Maria Farinha "aterrizou" aqui na minha casa, ou melhor, cubículo, se espalhou e foi maravilhoso. 

Foi na primeira semana de setembro. Corri para arrumar a casa, deixar tudo no lugar. Apesar das meninas (jornalista, assistente, fotógrafa) já terem estado antes em casa para me conhecer, este era o dia da filmagem! Tudo tinha que estar no lugar (às vezes, sou muito bagunceira).

Chegaram em casa às 8 horas da manhã e saíram à 1 hora da tarde. Foram cinco horas intensas, de muita emoção. Lavei a alma e fiz muitos novos amigos! Éramos 12, em 35m2...

Foi uma experiência muito bacana. Abri meu coração, minha alma, minha vida, tudo! Desabafei com aquelas pessoas detalhes que não havia contado para ninguém, desta experiência tão dolorosa que ainda estou passando.

O vídeo ficou sensacional. Muito emocionante. Atingiu o objetivo: levar a realidade para um público que pode atuar na mudança. Profissionais sérios, que lutam contra as dificuldades de um sistema tão caótico, tão desumano e desorganizado.

Na época, compartilhei no Facebook. E vou colocar o link aqui, para a gente lembrar de que temos muito a fazer... Muito a pensar... E muito a transformar...














Todos Juntos Contra o Cancer

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Hora da Verdade

Apesar de confiar muito na minha Mastologista, seguir tudo o que recomenda, os pensamentos com relação à minha mãe nunca saíram da minha cabeça. Eu ouvi milhões de vezes que uma história é diferente da outra, um organismo reage diferente do outro, etc, etc... não estava fácil entender com a razão. E, em função disso, resolvi marcar uma consulta com o Cancerologista da minha mãe - Dr. Artur Katz. Para mim, seria uma espécie de hora da verdade. Confiei tanto neste homem, que cuidou tão bem de minha mãe! Com tanto carinho e profissionalismo!

Pensei muito antes de tomar esta decisão, pois é um médico caro, que atende no Sírio Libanês. Mas, valeria muito a pena o investimento. E, mais uma vez, foi a melhor decisão que tomei.

Quando solicitei a consulta, recebi por e-mail um questionário para preencher com todos os dados e o histórico do meu caso. Dois dias depois, a consulta estava confirmada. 

No dia, cheguei uma hora antes, de tão ansiosa que eu estava. Passei por uma série de avaliações. Todas elas em decorrência do questionário que eu havia preenchido. Pensei: "Bom, ele sabe quem eu sou, sabe de quem sou filha, tem o histórico completo...". Estava em boas mãos.

A consulta com a equipe dele demorou quase uma hora. Quando ele entrou na sala, não aguentei - abri o berreiro e o abracei muito forte. Do alto de seus quase dois metros (acho eu), olhou para mim e disse: "Nossa, você está a cara de sua mãe! Só não tem a altura dela!" - e deu uma risada alta e contagiante. O suficiente para que eu chorasse ainda mais... Para quem não conheceu, minha mãe não passava de um metro e meio. E o fato de várias pessoas dizerem para mim que estou com todos os traços e jeito dela, me emociona demais! Sinto um certo orgulho de ter ficado, realmente, parecida com ela.

Depois de quase uma caixa de lenços de papel, passamos à consulta de fato. Graças a Deus, prognósticos confirmados e tratamento definido. Em razão de idas e vindas, conflitos entre médicos e opiniões divergentes, além da infecção que eu tive,  Dr. Artur optou por cancelar a radioterapia e prescrever as injeções de Herceptin (protocolo para Câncer de Mama) e o maldito tamoxifeno por cinco anos.  

Depois de quase duas horas, saí da consulta bastante segura. Como não fui tratada por uma equipe multidisciplinar, apesar da presença fundamental da Dra. Gisela, estava muito insegura com relação aos próximos passos. Na verdade, o Pérola Byington foi apenas o hospital da cirurgia. É tudo tão confuso neste processo do SUS, que a gente fica como uma barata tonta. É, não sabe para onde ir... 

O Herceptin, eu consegui através do SUS. O tamoxifeno, ainda não. Serão 06 sessões de Herceptin, num intervalo de 21 dias para cada aplicação, realizadas no Pérola. Talvez eu perca um pouco de cabelo...

Apesar de tudo estar encaminhado, tenho medo de começar este tratamento... Os efeitos colaterais são horrorosos... O Herceptin é passageiro... Mas, o tamoxifeno não. Mas, vamos lá... Agora é a hora da verdade e de me livrar disto para sempre...

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Lá vem o SUS...

O desânimo é inevitável. Por mais que a gente lute contra ele, não adianta, está além da nossa vontade.

A infecção retardou muito o possível início do meu tratamento. Tinha 60 dias, depois da cirurgia, para iniciar qualquer coisa e fiquei mais de 30 tomando antibióticos. Foram 05 ciclos, com os mais variados tipos. Apesar de ser uma bactéria vagabunda, a bichinha gostou tanto de mim, que ainda está por aqui...

Na verdade, eu deveria saber, por experiência, que no SUS tudo é muito mais lento do que você possa imaginar. Mas, "casa de ferreiro... espeto de pau"... - já dizia minha adorada mãe...

No final, sobraram 20 dias para correr atrás de um bom centro de Radioterapia, que me atendesse em tempo.

Graças a um amigo querido, destes de infância, consegui ser atendida num dos maiores centros de radioterapia oncológica de São Paulo. Nossa! Ganhei na loteria (pensei). Preparei todos os meus documentos e fui. O Fernando me recebeu com o maior carinho e, reforçou o que eu sempre acreditei, se a amizade é verdadeira, não importa o tempo sem encontrar o amigo. Tenha a certeza de que ele sempre estará lá para te ajudar. Não o via há pelo menos 20 anos.

Crescemos juntos, em Analândia, onde tínhamos casa. Nossos irmãos eram muito amigos e nossa turma era enorme. Bons tempos! Tempos em que construímos amizades verdadeiras. Serei sempre grata ao Fernando.

Neste centro, teria a possibilidade de ser atendida via SUS. Porém, o radioterapeuta não concordou com o tratamento indicado pela Dra. Gisela. O que fazer, então?

A Dra. Gisela, atenta ao meu pavor em seguir a história de minha mãe, me deu a opção de buscar mais opiniões.

E foi o que fiz... Com o tempo se esgotando, recorri, novamente, a UBS (Unidade Básica de Saúde). Achei que tivesse tido a sorte de encontrar um ginecologia bacana, compreensivo, que comprou a minha luta. Apenas achei... 

Num primeiro momento, fui encaminhada para a Santa Casa. Não pude ser atendida, pois não fui diagnosticada lá... Num segundo momento, e depois de exigir os meus direitos e brigar muito, fui encaminhada para o Centro de Filantropia do Hospital Sírio Libanês. Bacana, né? Nossa! Achei que estivesse no céu! Que sorte a minha, não? Não, mesmo.

Depois de esperar quase 3 horas para ser atendida, recebi minha sentença: o hospital não poderia me tratar, pois não havia sido diagnosticada, nem operada lá. Oi? E eu tive escolha? Alô, meu nome é Patrícia, sou uma simples mortal, sem QI para o Sírio. Como eu poderia ter sido operada lá? De cada 200 mulheres que buscam a UBS Vila Anglo, domicílio do Sírio Libanês, apenas 1 consegue ter a chance de uma consulta. Sorte dela se conseguir seguir adiante. Não vou discursar sobre o que eu acho disso... Juro! Fiquei tão sem forças, que a depressão veio com tudo! Agradeci a Deus por já estar operada!

Voltei a UBS, furei fila mesmo e fiquei na porta do consultório do ginecologista. Queria entender, só entender, como é que existiram 03 encaminhamentos errados? Se os hospitais têm um protocolo para atender ou não um caso como o meu, como a UBS não sabe? Não se falam? Não se interligam? Simplesmente encaminham a esmo para se livrar da pessoa que está em frente a sua mesa, precisando de tratamento? Que coisa... E eu já deveria esperar que fosse assim, esta bagunça generalizada. E o tempo se esgotando...

Consegui os contatos de algumas assistentes sociais que atendem na Beneficência Portuguesa, HCor e ICESP. As respostas foram sempre as mesmas: não receberia tratamento por não ter sido diagnosticada nestes hospitais, as vagas eram muito limitadas, muito difícil conseguir, e por aí vai...

No final, fui encaminhada de volta ao Pérola Byington, de onde NUNCA deveria ter saído. E só saí porque fui atrás de uma estrutura melhor. O tempo acabou e eu não tinha começado o tratamento... Que loucura!

O tratamento recomendado era o seguinte: 25 sessões de radioterapia e 5 anos de Tamoxifeno. Um comprimido ao dia... Dizem que o tamoxifeno é o melhor amigo da mulher com câncer de mama... Acredito! Tem a função de proteger as mamas contra qualquer outro tumor. Cruza os dedos e toma!

Mas, inconformada, fui atrás de mais ajuda! 









terça-feira, 23 de setembro de 2014

Nem tudo tinha acabado...

Apesar de ficar com o braço dormente, inchado e dolorido, em conseqüência da retirada dos linfonodos da axila as massagens e exercícios, para que ele ficasse bom, adiantaram e está ficando bom! Um pouco de dormência ainda, naquele maldito músculo do tchau (esqueci o nome). Algumas coisas que valorizei (e muito!):

1. Meu braço direito (como faz falta!)
2. Dormir de bruços
3. Lavar o cabelo com decência
4. Escovar os dentes, sem balançar a cabeça de um lado para o outro
5. Pegar coisas no armário da cozinha (o que você precisa está sempre no alto)
6. Abrir os braços
7. Fazer uma boa faxina na casa!!!!


Putz... Impressionante! Coisas tão simples! Tão automáticas. Mas, quando temos alguma limitação... Ai... Socorro! Parece que nunca mais vai voltar ao normal. Obrigada, braço direito! Amo você!

Em compensação, tive uma infecção hospital por Staphylococcus. O bicho se instalou no meu seio operado e ficou... Fiz uma dúzia de punções durante o mês para retirar o líquido. Tomei 5 ciclos de antibióticos e, nada... Ainda está aqui. O pior de tudo é que endureceu. Minha mastologista me deu uma pomada para massagem e compressas para 10 dias. Senão, faca de novo!

Nem vou comentar em que condições peguei isso. A única lembrança que eu tenho é de fechar a porta do banheiro no hospital, tamanho era o cheiro de esgoto... Lembro disso, tenho ódio de ouvir falar que o "SUS é o mais moderno sistema de saúde"! Sei...






Retomando a Luta

Engraçado com a gente "funciona" torto e nem percebe...

Quanto de tempo a gente perde quando se perde...

No último mês, eu me perdi... Numa depressão horrorosa, que me deixou bem mal. E daí, a gente foge daquilo que também dá prazer. Passei o mês de agosto sem, sequer, chegar perto do meu blog. E tantas coisas aconteceram neste período. 

Período de infecções, antibióticos, compressas, punções, diagnósticos, prognósticos... SUS, SUS, SUS... Mas, período também de visitas, carinhos, entrevistas! É!!!! Dei uma entrevista linda! Para uma moçada muito legal!!!! Vou contar tudo. Retomando por post. Tenho medo que fique muito longo num só... Daí fica chato para ler (rsrsrsrs).


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Felicidade por caminhos tortuosos

Nestes dias em que estou em casa, tive muito tempo para pensar em quase tudo da vida. Em como cheguei até aqui, as escolhas que eu fiz, os erros que eu cometi... Como não planejar o improvável...

Pode até parecer uma ironia ou uma coisa doida para falar. Fato é que o câncer só me trouxe alegrias. Verdade! Apesar da dor emocional e física, superáveis pelo tempo, só tive felicidades nestes últimos meses.

Quando resolvi abrir minha condição, tentar ajudar quem precisava de "um empurranzinho" para fazer exames e dividir com meus amigos o que estava acontecendo, não imaginava quanto de "tudo de bom" eu teria de volta.

Todas as vezes que leio os comentários em meus posts no Facebook ou quando vejo quantos acessos o blog teve, fico radiante de felicidade! A melhor coisa que poderia ter me acontecido era ficar doente, para sentir a rede de solidariedade, a corrente de orações e pensamentos positivos que eu tenho. Sou privilegiada por ter tantos e tantos amigos queridos!

Além disso, quantas e quantas pessoas queridas estiveram na minha casa para me ver? Reencontros de quase 10, 20 anos! Colégio, faculdade, trabalho! Não faltaram flores, bombons, livros! Que felicidade maior pode existir? Tudo fica pequeno demais diante de tanta amizade!

Uma palavra, um abraço, um consolo, um carinho! De todos os lados... Faz muita diferença para que esta com um problema tão sério.

É um incentivo para levantar da cama e encarar a realidade. Passar as etapas do tratamento com fé. Reforça o foco na cura, na perseverança e na certeza de que tudo vai passar e que vai virar uma história muito bacana de amor ao próximo e amizade! 

Posso, com certeza e propriedade, dizer que eu recebi todo este carinho, que fez com que eu passasse todos estes 52 dias acreditando, sempre, que tudo irá acabar bem. E desta forma, estou me preparando para a segunda fase: o tratamento. E, estou mais segura, mais confiante. 

Sou agradecida. Sempre serei. E assim é que é. Ninguém vive sozinho. A melhor coisa da vida são os amigos e nossa família. Obrigada, meu Deus! Muito obrigada! Eu sou feliz! Eu tenho amigos verdadeiros! Amém!




segunda-feira, 21 de julho de 2014

Sua Mastologista vira sua melhor amiga!

Já estive por três vezes na Dra. Gisela Andreoni, minha mastologista e agora, minha melhor amiga também! Espécie de "Amiga do Peito"... rsrsrsrs.

Quando fui encaminhada para o Pérola Byington, pela minha ginecologista, a "anja" Patrícia, tive minha primeira consulta com uma outra equipe e, confesso, tinha idade para ser mãe de muitos dos médicos ali. Não que eu esteja muito velha e não que eu não tivesse confiança nesta turma. Fato é que preferi ouvir uma outra opinião.

Tive a indicação da Dra. Gisela e soube que ela também era do Pérola. Mas, no dia da minha consulta, não era o dia de seu atendimento. Consegui, então, o contato de seu consultório e liguei para lá. Contei minha história para a atendente e consegui um encaixe para uma consulta antes da cirurgia, que seria dia 31 de julho.

Foi a melhor coisa que fiz! Tivemos uma conversa aberta, onde pude perguntar tudo e mais um pouco. Seria, então, operada por ela! Graças, Senhor!  Saí de seu consultório com minha cirurgia antecipada e bem mais tranquila... Este foi nosso primeiro contato.

Da segunda vez que fui lá, recém-operada (sexta-feira, dia 18), fui com a Tate (mais uma vez lá estava ela!). Meu tio Léo nos levou. Foi a retirada do dreno e punção do seio operado.

Hoje foi a terceira vez. E, juro, foi muito, muito bom! Mas, como sempre, mentira tem pernas curtas... Curtíssimas...

Resolvi ir de carro... Sozinha... Direção hidráulica, automático... Carro de pai, né? Que acabou ficando comigo... Ninguém precisava saber, muito menos ela... Enfim, resolvi dirigir hoje. Estava me sentindo super bem. E como teve valor para mim!!!! Como a vida é boa! 

Dirigi meio quarteirão e senti o carro pesado... Parei no farol e olhei: PNEU FURADO... Socorro! Como assim? Atrasada e com o pneu furado.

Mais uma vez, o Marco, me tirando das encrencas, disse para eu ver o pneu ANTES de ir. Feito!

Cheguei no consultório e já fui me desculpando: "- Dra., desculpe o atraso! Furou o pneu do carro...". A desculpa mais "esfarrapada" do planeta, usada por quase 100% das criaturas quando não se tem uma melhor, me enterrou... Ato falho...

Para minha surpresa, a Dra. Gisela soltou uma gargalhada e me disse: "- Juro que eu acredito! E, pelamordedeus!!!! O que vc estava fazendo dirigindo?". Depois de muita negociação, consegui a autorização dela para voltar a guiar! Graças, Senhor!

Esta foi a mais complicada das consultas. Estou usando um sutiã próprio para a cirurgia e tenho tomado muito cuidado com o meu seio. E não dei muita importância para o meu braço. Inchado e dolorido. O sutiã machucou o local da cirurgia para a retirada do linfonodo... Uma inflamação daquelas...

Conclusão: 02 antibióticos, 01 antiinflamatório e duas "almofadas" (gazes) embaixo do braço... Mais parecem fraldas...

Além disso, teve o chilique... Lógico! Outra punção no seio. Dá até vergonha... Fico APAVORADA!!!! Depois de tantos " - Já acabou, Dra.? Já acabou? Hein? Já acabou?", ouvi "Patrícia, que chilique todo é esse? Com cinco tatuagens pelo corpo, você está surtando por causa de uma agulhinha?????". É... É como eu costumo dizer: os fins justificam os meios... Nem lembro das minhas tatuagens... Mas, das punções... Destas eu não vou me esquecer nunca. Rimos muito e deixei ela terminar o troço...

Agora, preciso cuidar do meu braço, para que ele não doa e desinche. Normal inchar, ela disse... Mexeu, né?

O mais importante de tudo isso é ter um(a) mastologista bacana, competente e que transmita segurança. E não é só pelo monte de diplomas, etc. É pela disposição em te dar o número do celular e dizer para você: "- Não tenha medo! Qualquer coisa, por menor que pareça ser, ligue!". Gente que gosta do que faz e entende o medo do diagnóstico de câncer...


O que aconteceu naquela mesa...

Obviamente, na visão dos médicos, minha cirurgia foi simples... Porque, como diria minha amada mãe, "pimenta nos olhos dos outros é refresco"...

Eu sofri uma setorectomia/ quadrantectomia com retirada do linfonodo Sentinela (uma espécie de porteiro, cão de guarda, uma coisa assim, que mora debaixo do braço).

A setorectomia/quadrantectomia é a retirada de parte da mama, onde o tumor está localizado (o saquinho plástico da enfermeira tosca do post anterior). Todo este tecido é retirado, com margem de segurança, para ser avaliado no chamado exame histopatológico (para nós, leigos, uma espécie de biópsia). Esta retirada pode variar entre 25% e 40% de tecido mamário total.  

O linfonodo Sentinela (adorei este nome!) é o primeiro linfonodo (gânglio linfático) a receber as células malignas. É a primeira barreira de defesa do organismo contra o espalhamento do câncer (metástases). Dará o prognóstico e direcionará qual o tratamento que deverei fazer. Vai dizer se existe metástase ou não. 

Traduzindo: Ficou uma coisa bem esquisita... todo torto e, depois de desinchar e voltar para a cor normal (agora está meio roxo, meio amarelo, meio verde, meio preto), meu seio direito vai ficar mais murcho e mais alto que o esquerdo, com uma cicatriz que nem imagino como será... Cruzes!!!! Vai merecer uma boa plástica. 

Além disso, tiraram um troço debaixo do meu braço que faz com que ele me dê choques e doa muito... 

Fora o buraco onde estava a merda do dreno pendurado.

Mas, tudo o que estava errado saiu... Graças a Deus!!!! Agora, tenho que esperar umas três semanas para que o tratamento seja definido, a partir do resultado da biópsia deste tecido e do linfonodo. Se vou de quimio e rádio. Se só rádio... Enfim, a próxima fase.

Mas, quer saber? Não me preocupa mais. Tenho tanta certeza de que tudo estará bem, que venha o que vier! Eu quero é ficar livre!

A vida como ela é...

Que saudades de escrever no meu bloguinhoooooo!!!!!!!

Bom, hoje já estou em casa. Mas, que viagem louca esta da cirurgia! Pai do Céu!

Apesar de tudo o que vou relatar, agradeço aos Céus a chance de me tratar num hospital público. Agradeço aos meus "anjos da guarda" terrenos, não terrenos, a Deus, aos amigos... Agradeço todo mundo. E a você que está lendo também! Eu sou agradecida pela oportunidade. Serei sempre!!!!

Fui internada na terça-feira, dia 16 de julho. Meu irmão e minha cunhada foram comigo. Chegamos uma hora da tarde e só fui conseguir ser atendida às cinco... Quatro horas de espera, para o desespero do meu irmão... Aflição da minha cunhada... e minha dor de barriga!!!!

Quando fui liberada, me juntei a um grupo de mulheres e subimos ao nono andar do Pérola Byington, com a enfermeira/ atendente/ ascensorista/ recepcionista (jamais vou saber qual a função dela lá). Recebi uma pulseirinha destas de hospital, de plástico com o meu nome escrito em caneta esferográfica e um "kit" internação: uma camisolinha rosa cirúrgica, dois lençóis, uma fronha e um cobertozinho... (quase perguntei se precisava colocar meus dedos na tinta para tirar as impressões digitais - que pecado falar isso!). Meu número era 910-B - cama do meio (acho que vou jogar no bicho amanhã...). 

Cumprimentei minhas novas amigas e já fui arrumando minha cama. Lembrei que, quando meu irmão chegou em casa para me buscar, perguntou " - Vai acampar?". Eu estava de tênis, moleton, camiseta e minha inseparável mochila, que deve ter uns 10 anos...

Era assim que eu me sentia, num acampamento. Para quem me conhece sabe, sou cheia de frescuras com banheiro. Quando vou para algum lugar, sempre pergunto "Tem box no banheiro ou eu vou ter que puxar a água com rodo?. Por que se tiver que puxar a água com rodo, nem vou...". Cruzes! Quanta frescura.

Falo isso porque a primeira coisa que fui investigar foi o banheiro. SEM BOX... Caiu minha ficha... Nem era por causa do box. Era a coisa toda... O povo sofre. Sofre mesmo... Que precariedade este sistema de saúde...

Devidamente instaladas, nós três ficamos trocando informações sobre nossas mazelas e assistindo novelas... Logo veio o jantar e duas bolinhas azuis para cada uma de nós... Nem me lembro o que comi e muito menos da novela daquela noite... Dois DIAZEPANS... Dormi feito criança.

Na quarta-feira, 6 horas da manhã, uma delicada enfermeira entrou no quarto batendo palmas, acendeu a luz na nossa cara e gritou "- Vamos acordar! Vamos acordar! Aqui está a toalha de banho... Organizem uma fila e tomem banho para a cirurgia...". Virou as costas e saiu. Mais do que depressa, obedeci e já corri para o chuveiro. Vesti a camisola da cirurgia e fiquei lá, esperando... Em jejum... Até às nove horas da  manhã, quando alguém se lembrou de mim e me levou para fazer o último exame - AGULHAMENTO - para demarcar o local da cirurgia. Nem vou contar como foi, porque senão, sou capaz de grudar no teto de novo, de tão medonho que é isso...

Às dez horas, fui levada, a pé mesmo, para o Centro Cirúrgico, onde encontrei minha amada mastologista - Dra. Gisela Andreoni - mais um anjo na minha vida. Que mulher! Que competência! Daí sim, me senti segura e com medo. É... Medo... Até então, eu estava APAVORADA...

Deitei na maca, rezei, chamei a minha mãe para ficar ali do meu lado e dormi. Anestesia delícia... "Seja o que Deus quiser. Senhor, estou em suas mãos...", eu pensei... E foi... Acordei e tudo tinha acabado. Voltei logo, graças a Deus! Deu tudo certo e não tive nenhum problema. A não ser uma enfermeira tosca, no Centro Cirúrgico ainda, comigo na maca, que balançou um saquinho de plástico transparente, com mais ou menos meio quilo de carne moída, e disse para mim (justo para mim!!!!!!) "- Olha só o que saiu de você!". Cruzes! Que horror!!!! Desmaiei... Acordei na Sala de Recuperação.

Sou assim mesmo, odeio estas coisas... Uma vez, meu irmão cortou o dedo, preparando um churrasco em Itatiba, desmaiou... E eu, muito corajosa, fui tentar ajudar também e corri... Para desmaiar no sofá, que era mais macio... Lembro até hoje do som das gargalhadas da minha mãe.

Quando voltei para o nosso "alojamento", vi o enorme sorriso da minha tia Regina, a Tate querida, me esperando ali, aflita e, para variar, com o berreiro aberto. Ah! Tate! Obrigada, querida! Aquele conforto foi tudo o que eu precisava. 

O mais legal de tudo, é que a Tate embarcou total nesta viagem louca comigo. Quando me dei conta, ela estava cuidando das três, ali naquele quarto. Levantando e abaixando cabeceiras de cama, cobrindo minhas "colegas", servindo água! Ah! Tate! Nunca poderei agradecer o tanto que você fez e faz por mim! Te amo!

Impressionante como eu me sentia bem. Conversei, sentei, comi, tolerei aquela merda de dreno pendurado embaixo do braço... Até aí estava tudo certo. À noite a Dra. Gisela foi me ver, disse que tudo estava bem e eu dormi...

Quinta-feira, bem no dia da alta, acordei mal... Com tonturas e enjoos. Pedi um remédio que estou acostumada a tomar para labirintite e o hospital não tinha. Plasil e Dramin não resolvem... Entrei no maior desespero. Queria ir embora dali... Já deu... Não aguentava mais... Muito sofrimento, gente! 

Mas, de repente, quem chegou para me buscar? A Tate! Lá estava ela de novo para aliviar minha aflição. Com os olhos cheios de lágrimas. Ah! Como adoro esta mulher!!!!!!

Ligamos para o Marco, meu companheiro, sempre pronto para me tirar das encrencas que me meto, que fez chegar até mim meu comprimidinho de Meclin. Delícia. 

Não fosse uma mastologista residente entrar no quarto e tirar todos os meus curativos, eu teria levantado e ido embora. Mas, eu sou fraca para determinadas coisas. Aquilo me deixou tão impressionada que não tive forças, naquele momento, para sair da cama... Cruzes!!!! O dreno estava pendurado num buraco entre meu "sovaco" e minha cintura. Que que era aquilo, Pai do Céu!!!!!!!

Depois de umas duas horas, já recuperada e morrendo de vontade de sair correndo dali, resolvi acordar, levantar, tomar banho, arrumar o meu acampamento e voltar para casa. 

Enquanto eu fazia tudo isso, a Tate passeava de elevador entre a administração, enfermaria e farmácia, para me liberar de lá.

Tudo em mãos, pegamos um táxi e viemos aqui para a minha casa, Graças a Deus, sãs e salvas. E eu, apesar de todas as dificuldades que enfrentei, agradeço ter recebido a chance de me tratar no Pérola Byington, que luta para se manter e receber mulheres que, assim como eu, precisam utilizar o SUS como forma de tratamento e chance de sobreviver ao Câncer...

Ah! O dedo do meu irmão sarou e está ótimo! Obrigada! hehehehe


domingo, 13 de julho de 2014

Desta vez, você não me pega!!!!!!!

Acho que está é a última vez que escrevo antes da minha cirurgia... Amanhã tenho um monte de coisas para fazer... E, como me conheço, vou estar tão nervosa que não vou conseguir me concentrar.

Minha internação é dia 15, terça-feira, às duas horas da tarde. Milhões de coisas passam na minha cabeça. Como vai ser? O que será que tem lá dentro de mim? E a cicatriz? E o pós-operatório? Será que vou fazer quimio e ficar careca? Será? Será? Será?

Uma coisa que eu tenho comigo cada vez mais forte: o câncer veio para mim com uma bagagem boa. Ironia... Mas, é verdade... E se veio desta maneira, que eu aproveite esta experiência para me tornar uma pessoa melhor.

Até a volta! Vamos lá... Para a faca! Até!

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Reta Final

Estou na reta final desta aventura louca, desgastante, sofrida e de muita espera.

Graças a Deus, não me faltaram amigos e "anjos da guarda". Depois de mais de um mês de espera, saio com um saldo de 3 vagas em hospitais públicos, vindas de amigos e amigas que fizeram o impossível para me ajudar. Não sei se conseguirei agradecer à altura... 

Nas últimas semanas, fui ao inferno e ao paraíso várias vezes... Ouvi diagnósticos, opiniões, palpites... 

Ao SUS, minha sincera decepção... Não é à toa que os "tais" vão ao Hospital Sírio Libanês... Eu tive muita sorte e ajuda. Cheguei ao hospital público através de ajuda de amigos e médicos.

Só pelo SUS, demoraria meses para ter acesso a um tratamento. Filas enormes, falta de educação e respeito. E, principalmente, falta de amor ao próximo. Estou indignada pela forma como somos tratadas. Com raríssimas exceções, o povo que trabalha para o SUS é de uma intolerância de dar dó...

Consegui a confirmação da minha cirurgia, no Hospital Pérola Byington. Será dia 16 (quarta-feira), com internação dia 15 e alta dia 17.

Neste momento, escrevendo para o blog, estou sentada na espera do Hospital, para minha terceira mamografia... Cheguei às 10 horas, com previsão de duas horas para ser atendida... Paciência...

Olho para todas estas mulheres (52) que, assim como eu, estão esperando seus exames, controles e resultados e, mais uma vez, fico horrorizada com o descaso dos atendentes.

Não vou discutir política aqui. Esta não é a finalidade. Mas, que é o cúmulo do absurdo, é!!!! Quanto sofrimento...

E eu, vou me preparando psicologicamente... E torcendo para o dia da minha alta chegar...

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Comigo não... Justo eu?

A semana que passou e o início desta foi um período bem difícil para mim. Entrei de cabeça na fase da negação e fiquei muito, mas muito deprimida. Revoltada!!!! Por que eu? Por que comigo, meu Deus!

Fiquei me imaginando entrando na cirurgia, no pós-operatório, o que eu vou encontrar no espelho quando tudo isso passar? Como vou passar por tudo isso? Passei vários dias assim, sofrendo por antecipação... Será que vou mudar muito? Será que vou ficar enorme de gorda e careca, cheia de cicatrizes? Vou perder meus seios... Meu Deus!!!!!!!

Hoje comecei a recobrar as minhas forças... Graças a Deus... Pois, não seria nenhum pouco justo me revoltar com tudo isso, quando tenho uma legião de amigos e minha família que rezam e torcem por mim. Não seria justo. Tenho que honrar todo este carinho que estou recebendo por todos os lados. Este sentimento me ajudou a levantar da cama hoje.

Ninguém disse que seria fácil... Ninguém. Muito pelo contrário... Vai ser longo e difícil. E preciso manter o equilíbrio emocional e serenar meu ânimo. Estou com muito medo.

Domingo, por acaso, vi o início do chato do “Programa do Faustão”. E lá estava ele, quem eu realmente considero um grande atleta brasileiro, ao lado de tantos outros, contando sua “aventura” com o câncer no cérebro. E uma frase que o Oscar Schmidt falou, virou meu mantra: “Não é este tumorzinho que vai me pegar...”. Putz... Chorei...

Justo hoje, que resolvi sair da negação na marra, muitas coisas andaram no meu processo. Segunda via de exames, contatos, guias... A burocracia está destravando. E vou correr para que eu consiga resolver tudo o mais breve possível. E eu que duvidava de energias! Cada vez acredito mais! Energia boa para coisas boas!

Um dia por vez, um problema por vez... É assim que vou tentar viver até tudo isso passar. E não vou abandonar meu blog querido... Minha terapia diária que estava abandonada! Fiquei tão feliz! Mais de mil e seiscentas visualizações!  Tomara que gerem, pelo menos, 10% de novas mamografias!


terça-feira, 17 de junho de 2014

Relacionamento x Câncer de Mama

Ontem, li um artigo sobre o Câncer de Mama e o Divórcio... Parece não combinar, mas é verdade. E muitas mulheres passam por isso. Inclusive, recebi um post anônimo sobre este tema.

Como divórcio, neste momento, entendo ser o rompimento de qualquer tipo de relação: casamento, noivado, namoro, amizade colorida, “tudo confuso, mas tá bom”... Enfim, relacionamentos íntimos... Pensei bastante e cheguei à conclusão de que, infelizmente, isso é bem possível. Este não era um exemplo para mim, pois meu ex-marido era viúvo quando eu o conheci. Sua mulher morreu em conseqüência de um Câncer e Mama e ele, bravamente, a amou até o último dia de sua vida...

Quando o Fantástico, da Globo, iniciou a matéria sobre o Câncer de Mama, com o Dr. Dráuzio Varella, fiquei aterrorizada. E nem sabia que já estava com a doença. Aqueles depoimentos todos, sofrimentos, histórias de amor e resignação... Perda das mamas, mutilação, reconstrução, quimioterapia, perda dos cabelos... Nunca imaginei o quão frágil é este assunto quando falamos de sexo. Sexo sim! Porque, quando há amor verdadeiro, construção, cumplicidade, seios e cabelos não importam mais...

Quando somos lindas e poderosas, dentro de nossos sutiãs, com cabelos bem cuidados, longos ou curtos, arrasamos! Sensualidade grau máximo! E, tudo o que mais queremos, ”pelamordedeus”, é que a ação da gravidade seja retardada. E, se isso acontece cedo, compramos peitos novos e colocamos o tamanho que quisermos. É a era do silicone... Super a favor! Tudo o que queremos, também, é o lançamento de uma nova escova progressiva, que dure mais e seja mais natural, para podermos negar, até a morte, que fizemos... Enfim, tudo em nome da beleza e da vaidade. Super certo, afinal de contas, a gente tem que se cuidar muito mesmo!

Os seios são exclusividade feminina. Além da amamentação, são sinônimos de sensualidade, sexualidade e preferência nacional masculina. Para a mulher, seu ponto fraco. Para mim, meu ponto fraco. Nem cogitava ficar sem eles... Hoje já considero que não posso tê-los. Vou ter que comprar novos... hehehe! Chassi 68, frente 2015!

E os cabelos? Ah... Os cabelos... “Moldura do rosto”, dizem... Trezentos tipos de shampoo, condicionador, tintura, tonalizantes... Milhares de cortes e tratamentos... Luzes, californianas, escova de chocolate... E por aí vai... Graças a Deus, cabelo cresce!

Mas, infelizmente, para quem tem Câncer de Mama, o melhor remédio é encarar de frente todas as possibilidades. E, mais do que isso, descobrir tantas outras para se manter feminina.

Para mim, quando o amor entre um homem e uma mulher é verdadeiro, não existe, neste mundo, razão maior para consolidá-lo, do que um grave problema, que deve ser enfrentado por ambos.  Descobrir que, apesar de parecer que o mundo está desmoronando, existe uma luz no fim do túnel. Quando existe cumplicidade e companheirismo, o tratamento, doloroso para quem enfrenta, é repartido por dois... Se há rejeição, não há amor. Eu penso assim. Eu vivo assim. E agradeço pelo amor que tenho.


Agora, se existir qualquer sinal de que o outro não consegue conviver com este momento, fuja! Fuja, porque ele é uma tremenda roubada... 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Saúde x Burocracia

Hoje fui na Patty, a minha querida ginecologista. Saúde geral ótima... Só o câncer mesmo... Bom, pelo menos isso, né?

A Patrícia tem uma disponibilidade incrível. Eu e minha cunhada ficamos mais de hora em consulta. É tudo muito incerto ainda. A única coisa certa é o meu encaminhamento para o Pérola Byington. E é isso que vamos providenciar. 

Fico bem desanimada com a burocracia toda. Tenho que juntar vários documentos para poder resgatar meu FGTS, meu seguro, fundamentar meu diagnóstico... Isso cansa muito. Mas, tem que ser feito.

Além disso, tenho que programar minha vida neste mês, porque de uma cirurgia eu não vou escapar mesmo... E depois, tem o tratamento...
É muito louco isso... Você planeja sua vida de uma forma e ela vai e desfaz tudo o que você programou.  Aliás, comigo sempre foi assim. Eu não levei a vida, a vida me levou...

Se dependesse de planejamento, hoje eu seria uma executiva casada com, no mínimo dois filhos! Nada disso aconteceu. Mas, confesso, sou feliz com a vida “que me levou”.


De agora em diante e, provavelmente até o final do ano, não tenho escolha. É foco no tratamento, na cura e na super festa que vou dar quando isso tudo acabar. E vou tomar TODAS!!! Hehehe... E olha que eu nem bebo!

domingo, 15 de junho de 2014

Sempre Juntos!

Hoje eu acordei bem desanimada... Frio, chuvinha... Clima bem propício para cortar os pulsos... SÓQUENÃO!!!! Decidi que hoje o dia vai ser lindo e, pronto! Hoje eu não vou reclamar... Nem lamentar... Vou simplesmente viver... E pensar nas coisas boas que tem me acontecido...

Uma das melhores coisas destes últimos dias é receber as ligações do meu irmão, o Paulo. Todos os dias! Às vezes, mais do que uma vez. Suas palavras de incentivo e força e seu otimismo são fundamentais para mim. Meu irmão é a minha referência hoje. Sem o apoio e a vontade que ele tem de me ver bem, não conseguiria seguir em frente.

Desde o início, lá nas minhas preocupações com os resultados dos exames, tem me acompanhado e, dentro do que lhe é possível, aliviado minhas aflições. E mesmo nervoso e preocupado, tenta não deixar transparecer.

Nem preciso piscar... Consultas, médicos, exames... Se o Paulo não está junto, a Beth, minha cunhada, está. E, quando é possível, os dois estão comigo... Além disso, neste início, sem Convênio e a inda sem o SUS, tem arcado com todas as minhas despesas médicas.

Já passamos juntos tantas coisas... O câncer da minha mãe, sua perda, a fragilidade de meu pai... Mas, acho que esta situação é a que mais nos aproximou. Laços de sangue, mesmo... E agradeço a Deus tê-lo colocado na minha vida, nesta vida. E que venham outras tantas juntos!

Na verdade, o nosso mundo parou... A realidade mudou... As prioridades mudaram. E, por incrível que possa parecer, estas coisas precisam acontecer para que possamos enxergar o que acontece em nossa volta. E, pior do que isso, para que possamos dar valor àquilo que temos.


O importante é que sempre dá tempo para reconhecer tudo de bom que temos, mesmo que não pareça. Mesmo que a sensação seja de que nada é bom. Melhor seria se não precisássemos de absolutamente nada para nos chamar a atenção! 

sábado, 14 de junho de 2014

Conversando com a minha Mãe

Oi, Mãe! Olha, está tudo bem! Foi um susto, sim! Chorei e te chamei várias vezes. Aliás, você deve estar trabalhando bastante, né? Olhando por mim e protegendo esta legião de AMIGOS e familiares que estão nesta corrente tão bacana para eu me curar logo.

Sinto muito a falta da sua presença, mas sinto você comigo todos os dias. Sinto nos dias bons e, principalmente, nos dias mais difíceis. Têm dias que tenho vontade de sumir... Levantar da cama? Nem pensar... Mas, me espelho na sua fortaleça e tento seguir em frente, mesmo sem saber o que de fato me espera.

Vontade mesmo eu tenho de correr para o seu colo, te contar tudo, dividir todos os meus medos e minhas esperanças também. Chorar no seu ombro e segurar forte a sua mão.

Os dias estão passando, as coisas estão começando a tomar forma e eu me sinto tão pequenininha... Tão impotente... Tão dependente de nem sei o que...  Nestas horas, peço a “sua” Nossa Senhora de Fátima que me dê forças e coragem. Peço para você ficar mais perto de mim.

Mãe, apesar de ter te acompanhado por todos os dias da sua luta, imagino como deve ter sido doloroso e difícil lá no fundo dos seus pensamentos, onde eu não tive acesso. Mas, hoje, isso está servindo de exemplo para mim. Penso na sua luta e levanto a minha cabeça e me encho de esperanças.  Sei que tudo isso é “só uma chuva”, como você costumava me dizer. Vai passar...

Tantos já foram os obstáculos e sofrimentos para que eu pudesse ter a chance de me tratar de uma maneira descente, que tenho certeza absoluta que você guiou a mão de todos os “Anjos da Guarda” que estão me ajudando tanto. E, sem esperar retribuição nenhuma, além da minha eterna gratidão pelo desprendimento comigo! Algumas pessoas eu nem conheço!


Obrigada, minha mãe, por estar tão perto de mim. Obrigada pela sua proteção, sua presença espiritual e seu amor. Sei que você está comigo! Amo você para sempre!

Benefícios para quem tem Câncer

Pensei bastante antes de escrever este post. Incomoda saber que temos muitos benefícios em razão de um diagnóstico de Câncer de Mama, mas ainda temos saúde e condições de cura.

E, conversando com o Marco, decidi escrever, também, como alerta para quem tem ou conhece alguém com câncer.

Estes benefícios vão desde o resgate do FGTS até a compra de veículos novos com isenção de impostos, passando pela prioridade no atendimento judiciário. PLANO DE SAÚDE, sem carência, NÃO... rsrsrs...


Sempre é bom consultar um advogado para saber exatamente quais são estes direitos! No meu caso, resgate do FGTS veio em boa hora! Vai me ajudar a pagar os médicos que irão cuidar de mim! O resto vai pelo SUS! Se Deus quiser! Pérola Byington aqui vou eu!

Aqui na página do AC Camargo existe a "Cartilha dos Direitos do Paciente com Câncer". Ajuda a esclarecer.

Meus filhotes... Meus companheiros...

Pandorinha
Pandorinha, minha companheira há onze anos. Aprendi o que é o amor incondicional e o respeito pelos animais. 


Lucca, um presente que Deus me deu quando perdi o Romeu (já faz 4 anos), que era filhinho da Pandora e meu grudinho.



Vic, minha companheirinha mais nova. Está ajudando a me distrair e é a nova alegria da casa... Dois meses de pura safadeza!

Romeu

Os meus filhos de 4 patas são fundamentais para a minha cabeça ficar no lugar dela... Equilíbrio, carinho, amor e companheirismo... É tudo isso e mais um pouco que tenho deles.



Obrigada, meu Deus por ter destinado a mim estes pequenos!


Lucca
Vic



sexta-feira, 13 de junho de 2014

O "lado bom" da coisa...

Eu tenho milhares de razões para amar a vida e querer ficar neste mundo por muito, muito tempo!

Tenho amigos queridos (numa corrente de solidariedade linda e reconfortante), família sensacional (num apoio incondicional) e um amor que poucos tiveram ou terão (neste quesito, eu realmente tive muita sorte)... Deus ainda me deu quatro presentes maravilhosos: a Pandora, o Romeu (que já está no jardim dos cachorrinhos), o Lucca e, agora, a Vic (de Vitória!). Meus cachorros amados.

Mas, algumas coisas que, de vez em quando inquietam os pensamentos, ainda insistem em incomodar. Por exemplo, o chamado “pré-conceito”... Principalmente das pessoas com um pouco mais de idade. Poucas dizem CÂNCER. Apelidaram a doença! É CA, aquele mal, aquela doença... Não gente! É câncer e pronto! Estive com uma pessoa amiga que simplesmente não conseguiu me encarar... Nem conversar comigo direito. Ficava me olhando como se eu fosse definhar ali mesmo e morrer... Compreendido! Cada um tem sua forma de encarar a realidade. Mas, acredito que esta forma impeça esta pessoa querida de ir investigar se está tudo certo com sua saúde. O medo é tão grande!!! Por que o câncer tem que ser encarado como uma “sentença de morte”? Eu mesma, muitas vezes, preguei que “o câncer vem buscar, não tem saída!”. Nossa...  Quanta ignorância, não?

Outra coisa são os meus seios. Claro que, depois dos 45, já sofreram a ação da gravidade e do tempo. Lógico! Mas, são meus! Originais de fábrica. Tipo chassis 68 com aspecto 2014! Não tive filhos, portanto, não amamentei (infelizmente). Para a grande maioria das mulheres, os seios representam feminilidade, sensualidade... Perdê-los, mesmo que com a possibilidade de reconstrução é aterrorizador!!! Sinto um frio gelado na espinha... Até meus cabelos curtos se arrepiam... Este é um terror mesmo!
Diferente de se colocar silicone por estética, a cirurgia de reconstrução pode trazer danos estéticos, cicatrizes grandes... Isso me incomoda um pouco, sabe? Mas, nem cogito não tirá-los se for para “barrar” o câncer e suas consequências!

Por outro lado, e o melhor deles, loucura ou não, tudo o que tem acontecido tem sido muito bom para mim. Para que eu me conheça, para que eu reveja meus valores, priorize a vida de uma maneira diferente e, principalmente, para que eu queira vivê-la em sua intensidade. E, lógico, para o bem! Sei que o caminho vai ser duro e longo... Mas, que sirva de aprendizado e lição.

Meu irmão tem me falado TODOS os dias: “cuida da sua cabeça, porque ela é 80% do seu tratamento!”. E eu estou cuidando... Tenho altos e baixos. Mas, por enquanto, mais altos que baixos. E espero continuar assim. Quando acho que vou cair, penso em todos que estão comigo e na minha querida mãe.
E, quando eu consigo rezar, agradeço a Deus por todos os amigos que estão comigo nesta batalha! Vamos em frente! Sem lamentos...

#forçaféefoconacura

#tirandodeletra

Mastologista????

Minha primeira visita ao Mastologista foi decepcionante, entristecedora, desapontadora, desesperadora... Por isso fiquei tantos dias sem escrever nada... Precisei deste tempo para absorver o que tinha acontecido.

Foi terça-feira. Meu querido irmão, minha cunhada e eu fomos para a consulta cheios de esperanças e "definições"... "Ah, vai ser simples, rápido"... "Ah, isso na verdade é só um susto...". 

Na verdade, estávamos muito nervosos e ansiosos... 

O Mastologista que me atendeu já operou minha cunhada (graças a Deus, nada relacionado a Câncer) que, naquela ocasião, ficou encantada com o atendimento, os procedimentos e sua recuperação. Meu irmão também ficou super impressionado. Por isso, correram atrás de tudo para que eu pudesse ser atendida por ele. Afinal de contas, o médico é um dos Diretores do AC Camargo e eu, com certeza estaria em boas mãos. Nem vale mencionar o nome dele... 

Abro um espaço aqui para dizer que meu irmão e minha cunhada/ irmã têm sido comigo de outro mundo! Graças a Deus os tenho comigo.

Mas, depois de amargar mais de uma hora de espera, ver outro paciente passar na minha frente, decepção total. Além do meu irmão ter pago uma fortuna nesta consulta...

Em resumo: "Volte aqui quando tiver um plano de saúde!" OI????? Como assim?????

Além de um cenário horroroso, de protocolos obrigatórios, retirada das mamas, radiologia/ quimioterapia, tratamento longo, tratamento doloroso, esquece que vc não vai trabalhar, etc, etc... Ainda tive que ouvir isso...

Quando saímos do consultório, perdi todas as minhas esperanças de passar por este processo com tranqüilidade... Entramos no carro mudos e decepcionados. Chorei muito, muito, muito e esgotei minhas forças...

Só sei dizer que, o que me deprimiu, motivou o Paulo (irmão) e a Beth (cunhada).

Duas horas depois, já estava com uma possibilidade de vaga e tratamento no Pérola Byington. Outro anjo na minha vida: a Patty. Lembram? Minha ginecologista. E vai ficar para sempre no meu coração o que ela disse para minha cunhada: JAMAIS DEIXARIA UMA PACIENTE MINHA NESTA SITUAÇÃO...

A Beth é danada!!!! E comprou para ela esta briga toda! E meu irmão, está facilitando todos processos para mim. 

Minhas esperanças foram renovadas... 






Convênio Médico X SUS

Dentre tantos erros que cometi neste complicado capítulo da minha vida, um foi tão crucial quanto o fato de não ter feito os exames de rotina.

Trabalhei durante 08 meses numa empresa muito complicada para mim. Tanto como atividade, quanto como conduta. Trabalhei o tempo todo contra mim mesma e meus valores. Na verdade, isto nem merece meu tempo de escrita, nem o de leitura... Nem merece ser mencionada...

Mencionei isso só para dizer o seguinte: quando pedi demissão, ainda tive direito ao meu plano de saúde durante 01 mês. Foi aí que fui fazer um check-up, pedido pela minha super querida ginecologista Patty (já falei e ainda vou falar muito dela). Muito bem... Lá fui eu fazer os milhares de exames solicitados. Foi um mês inteiro de exames e exames... Correndo contra o tempo para aproveitar o tempo que me restava do plano. Daí é que veio o resultado da Ressonância de Mamas e a necessidade de fazer a Mamotomia.
Restavam apenas 02 dias para o plano vencer, quando eu recebi o diagnóstico de Câncer de Mama. E agora?

Ingenuidade minha achar que aquela mesma empresa que me consumiu 08 meses iria me ajudar. Recebi um: “Sentimos muito, mas, não podemos fazer nada...”. Ok! Da seguradora que administrava o plano recebi milhares de explicações sobre leis e direitos, etc, etc... Nem lembro, pois, quando recebi a negativa, deixei de prestar atenção no que estava ouvindo...

Fui em busca de uma solução. Não quero favor, não quero ficar pendurada em ninguém... Eu quero pagar!!!! Quero pagar o plano que tinha naquela empresa miserável... O que eu tenho é: Não posso continuar com o plano, porque pedi demissão. Se faço um plano individual, tenho uma carência de 02 anos. SOCORRO!!!!!! DOIS ANOS!!!!! Eu não tenho este tempo!!!! Além disso, fui diagnosticada dentro da vigência do plano...

Mas, Deus nos manda alguns verdadeiros anjos na vida... Vamos para a justiça! E como meus guardiões, tenho os melhores advogados do mundo! O Beto Chaves e a Dani Guimarães! Vamos lutar para que eu tenha o direito de continuar pagando o mesmo plano, sem precisar aguardar o período de carência.

O mais curioso disso tudo é que o meu pai, mesmo com seus sintomas de Alzheimer, tem uma cabeça excepcional para certas coisas! Muitos sabem que, o hoje simplesmente “Tio Carlinhos”, é um Desembargador do Trabalho aposentado.

Em paralelo, já tirei minha carteirinha do SUS. O que não dá é para ficar esperando...