O difícil é enfrentar o erro de não se previnir

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Lá vem o SUS...

O desânimo é inevitável. Por mais que a gente lute contra ele, não adianta, está além da nossa vontade.

A infecção retardou muito o possível início do meu tratamento. Tinha 60 dias, depois da cirurgia, para iniciar qualquer coisa e fiquei mais de 30 tomando antibióticos. Foram 05 ciclos, com os mais variados tipos. Apesar de ser uma bactéria vagabunda, a bichinha gostou tanto de mim, que ainda está por aqui...

Na verdade, eu deveria saber, por experiência, que no SUS tudo é muito mais lento do que você possa imaginar. Mas, "casa de ferreiro... espeto de pau"... - já dizia minha adorada mãe...

No final, sobraram 20 dias para correr atrás de um bom centro de Radioterapia, que me atendesse em tempo.

Graças a um amigo querido, destes de infância, consegui ser atendida num dos maiores centros de radioterapia oncológica de São Paulo. Nossa! Ganhei na loteria (pensei). Preparei todos os meus documentos e fui. O Fernando me recebeu com o maior carinho e, reforçou o que eu sempre acreditei, se a amizade é verdadeira, não importa o tempo sem encontrar o amigo. Tenha a certeza de que ele sempre estará lá para te ajudar. Não o via há pelo menos 20 anos.

Crescemos juntos, em Analândia, onde tínhamos casa. Nossos irmãos eram muito amigos e nossa turma era enorme. Bons tempos! Tempos em que construímos amizades verdadeiras. Serei sempre grata ao Fernando.

Neste centro, teria a possibilidade de ser atendida via SUS. Porém, o radioterapeuta não concordou com o tratamento indicado pela Dra. Gisela. O que fazer, então?

A Dra. Gisela, atenta ao meu pavor em seguir a história de minha mãe, me deu a opção de buscar mais opiniões.

E foi o que fiz... Com o tempo se esgotando, recorri, novamente, a UBS (Unidade Básica de Saúde). Achei que tivesse tido a sorte de encontrar um ginecologia bacana, compreensivo, que comprou a minha luta. Apenas achei... 

Num primeiro momento, fui encaminhada para a Santa Casa. Não pude ser atendida, pois não fui diagnosticada lá... Num segundo momento, e depois de exigir os meus direitos e brigar muito, fui encaminhada para o Centro de Filantropia do Hospital Sírio Libanês. Bacana, né? Nossa! Achei que estivesse no céu! Que sorte a minha, não? Não, mesmo.

Depois de esperar quase 3 horas para ser atendida, recebi minha sentença: o hospital não poderia me tratar, pois não havia sido diagnosticada, nem operada lá. Oi? E eu tive escolha? Alô, meu nome é Patrícia, sou uma simples mortal, sem QI para o Sírio. Como eu poderia ter sido operada lá? De cada 200 mulheres que buscam a UBS Vila Anglo, domicílio do Sírio Libanês, apenas 1 consegue ter a chance de uma consulta. Sorte dela se conseguir seguir adiante. Não vou discursar sobre o que eu acho disso... Juro! Fiquei tão sem forças, que a depressão veio com tudo! Agradeci a Deus por já estar operada!

Voltei a UBS, furei fila mesmo e fiquei na porta do consultório do ginecologista. Queria entender, só entender, como é que existiram 03 encaminhamentos errados? Se os hospitais têm um protocolo para atender ou não um caso como o meu, como a UBS não sabe? Não se falam? Não se interligam? Simplesmente encaminham a esmo para se livrar da pessoa que está em frente a sua mesa, precisando de tratamento? Que coisa... E eu já deveria esperar que fosse assim, esta bagunça generalizada. E o tempo se esgotando...

Consegui os contatos de algumas assistentes sociais que atendem na Beneficência Portuguesa, HCor e ICESP. As respostas foram sempre as mesmas: não receberia tratamento por não ter sido diagnosticada nestes hospitais, as vagas eram muito limitadas, muito difícil conseguir, e por aí vai...

No final, fui encaminhada de volta ao Pérola Byington, de onde NUNCA deveria ter saído. E só saí porque fui atrás de uma estrutura melhor. O tempo acabou e eu não tinha começado o tratamento... Que loucura!

O tratamento recomendado era o seguinte: 25 sessões de radioterapia e 5 anos de Tamoxifeno. Um comprimido ao dia... Dizem que o tamoxifeno é o melhor amigo da mulher com câncer de mama... Acredito! Tem a função de proteger as mamas contra qualquer outro tumor. Cruza os dedos e toma!

Mas, inconformada, fui atrás de mais ajuda! 









terça-feira, 23 de setembro de 2014

Nem tudo tinha acabado...

Apesar de ficar com o braço dormente, inchado e dolorido, em conseqüência da retirada dos linfonodos da axila as massagens e exercícios, para que ele ficasse bom, adiantaram e está ficando bom! Um pouco de dormência ainda, naquele maldito músculo do tchau (esqueci o nome). Algumas coisas que valorizei (e muito!):

1. Meu braço direito (como faz falta!)
2. Dormir de bruços
3. Lavar o cabelo com decência
4. Escovar os dentes, sem balançar a cabeça de um lado para o outro
5. Pegar coisas no armário da cozinha (o que você precisa está sempre no alto)
6. Abrir os braços
7. Fazer uma boa faxina na casa!!!!


Putz... Impressionante! Coisas tão simples! Tão automáticas. Mas, quando temos alguma limitação... Ai... Socorro! Parece que nunca mais vai voltar ao normal. Obrigada, braço direito! Amo você!

Em compensação, tive uma infecção hospital por Staphylococcus. O bicho se instalou no meu seio operado e ficou... Fiz uma dúzia de punções durante o mês para retirar o líquido. Tomei 5 ciclos de antibióticos e, nada... Ainda está aqui. O pior de tudo é que endureceu. Minha mastologista me deu uma pomada para massagem e compressas para 10 dias. Senão, faca de novo!

Nem vou comentar em que condições peguei isso. A única lembrança que eu tenho é de fechar a porta do banheiro no hospital, tamanho era o cheiro de esgoto... Lembro disso, tenho ódio de ouvir falar que o "SUS é o mais moderno sistema de saúde"! Sei...






Retomando a Luta

Engraçado com a gente "funciona" torto e nem percebe...

Quanto de tempo a gente perde quando se perde...

No último mês, eu me perdi... Numa depressão horrorosa, que me deixou bem mal. E daí, a gente foge daquilo que também dá prazer. Passei o mês de agosto sem, sequer, chegar perto do meu blog. E tantas coisas aconteceram neste período. 

Período de infecções, antibióticos, compressas, punções, diagnósticos, prognósticos... SUS, SUS, SUS... Mas, período também de visitas, carinhos, entrevistas! É!!!! Dei uma entrevista linda! Para uma moçada muito legal!!!! Vou contar tudo. Retomando por post. Tenho medo que fique muito longo num só... Daí fica chato para ler (rsrsrsrs).