O difícil é enfrentar o erro de não se previnir

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A vida como ela é...

Que saudades de escrever no meu bloguinhoooooo!!!!!!!

Bom, hoje já estou em casa. Mas, que viagem louca esta da cirurgia! Pai do Céu!

Apesar de tudo o que vou relatar, agradeço aos Céus a chance de me tratar num hospital público. Agradeço aos meus "anjos da guarda" terrenos, não terrenos, a Deus, aos amigos... Agradeço todo mundo. E a você que está lendo também! Eu sou agradecida pela oportunidade. Serei sempre!!!!

Fui internada na terça-feira, dia 16 de julho. Meu irmão e minha cunhada foram comigo. Chegamos uma hora da tarde e só fui conseguir ser atendida às cinco... Quatro horas de espera, para o desespero do meu irmão... Aflição da minha cunhada... e minha dor de barriga!!!!

Quando fui liberada, me juntei a um grupo de mulheres e subimos ao nono andar do Pérola Byington, com a enfermeira/ atendente/ ascensorista/ recepcionista (jamais vou saber qual a função dela lá). Recebi uma pulseirinha destas de hospital, de plástico com o meu nome escrito em caneta esferográfica e um "kit" internação: uma camisolinha rosa cirúrgica, dois lençóis, uma fronha e um cobertozinho... (quase perguntei se precisava colocar meus dedos na tinta para tirar as impressões digitais - que pecado falar isso!). Meu número era 910-B - cama do meio (acho que vou jogar no bicho amanhã...). 

Cumprimentei minhas novas amigas e já fui arrumando minha cama. Lembrei que, quando meu irmão chegou em casa para me buscar, perguntou " - Vai acampar?". Eu estava de tênis, moleton, camiseta e minha inseparável mochila, que deve ter uns 10 anos...

Era assim que eu me sentia, num acampamento. Para quem me conhece sabe, sou cheia de frescuras com banheiro. Quando vou para algum lugar, sempre pergunto "Tem box no banheiro ou eu vou ter que puxar a água com rodo?. Por que se tiver que puxar a água com rodo, nem vou...". Cruzes! Quanta frescura.

Falo isso porque a primeira coisa que fui investigar foi o banheiro. SEM BOX... Caiu minha ficha... Nem era por causa do box. Era a coisa toda... O povo sofre. Sofre mesmo... Que precariedade este sistema de saúde...

Devidamente instaladas, nós três ficamos trocando informações sobre nossas mazelas e assistindo novelas... Logo veio o jantar e duas bolinhas azuis para cada uma de nós... Nem me lembro o que comi e muito menos da novela daquela noite... Dois DIAZEPANS... Dormi feito criança.

Na quarta-feira, 6 horas da manhã, uma delicada enfermeira entrou no quarto batendo palmas, acendeu a luz na nossa cara e gritou "- Vamos acordar! Vamos acordar! Aqui está a toalha de banho... Organizem uma fila e tomem banho para a cirurgia...". Virou as costas e saiu. Mais do que depressa, obedeci e já corri para o chuveiro. Vesti a camisola da cirurgia e fiquei lá, esperando... Em jejum... Até às nove horas da  manhã, quando alguém se lembrou de mim e me levou para fazer o último exame - AGULHAMENTO - para demarcar o local da cirurgia. Nem vou contar como foi, porque senão, sou capaz de grudar no teto de novo, de tão medonho que é isso...

Às dez horas, fui levada, a pé mesmo, para o Centro Cirúrgico, onde encontrei minha amada mastologista - Dra. Gisela Andreoni - mais um anjo na minha vida. Que mulher! Que competência! Daí sim, me senti segura e com medo. É... Medo... Até então, eu estava APAVORADA...

Deitei na maca, rezei, chamei a minha mãe para ficar ali do meu lado e dormi. Anestesia delícia... "Seja o que Deus quiser. Senhor, estou em suas mãos...", eu pensei... E foi... Acordei e tudo tinha acabado. Voltei logo, graças a Deus! Deu tudo certo e não tive nenhum problema. A não ser uma enfermeira tosca, no Centro Cirúrgico ainda, comigo na maca, que balançou um saquinho de plástico transparente, com mais ou menos meio quilo de carne moída, e disse para mim (justo para mim!!!!!!) "- Olha só o que saiu de você!". Cruzes! Que horror!!!! Desmaiei... Acordei na Sala de Recuperação.

Sou assim mesmo, odeio estas coisas... Uma vez, meu irmão cortou o dedo, preparando um churrasco em Itatiba, desmaiou... E eu, muito corajosa, fui tentar ajudar também e corri... Para desmaiar no sofá, que era mais macio... Lembro até hoje do som das gargalhadas da minha mãe.

Quando voltei para o nosso "alojamento", vi o enorme sorriso da minha tia Regina, a Tate querida, me esperando ali, aflita e, para variar, com o berreiro aberto. Ah! Tate! Obrigada, querida! Aquele conforto foi tudo o que eu precisava. 

O mais legal de tudo, é que a Tate embarcou total nesta viagem louca comigo. Quando me dei conta, ela estava cuidando das três, ali naquele quarto. Levantando e abaixando cabeceiras de cama, cobrindo minhas "colegas", servindo água! Ah! Tate! Nunca poderei agradecer o tanto que você fez e faz por mim! Te amo!

Impressionante como eu me sentia bem. Conversei, sentei, comi, tolerei aquela merda de dreno pendurado embaixo do braço... Até aí estava tudo certo. À noite a Dra. Gisela foi me ver, disse que tudo estava bem e eu dormi...

Quinta-feira, bem no dia da alta, acordei mal... Com tonturas e enjoos. Pedi um remédio que estou acostumada a tomar para labirintite e o hospital não tinha. Plasil e Dramin não resolvem... Entrei no maior desespero. Queria ir embora dali... Já deu... Não aguentava mais... Muito sofrimento, gente! 

Mas, de repente, quem chegou para me buscar? A Tate! Lá estava ela de novo para aliviar minha aflição. Com os olhos cheios de lágrimas. Ah! Como adoro esta mulher!!!!!!

Ligamos para o Marco, meu companheiro, sempre pronto para me tirar das encrencas que me meto, que fez chegar até mim meu comprimidinho de Meclin. Delícia. 

Não fosse uma mastologista residente entrar no quarto e tirar todos os meus curativos, eu teria levantado e ido embora. Mas, eu sou fraca para determinadas coisas. Aquilo me deixou tão impressionada que não tive forças, naquele momento, para sair da cama... Cruzes!!!! O dreno estava pendurado num buraco entre meu "sovaco" e minha cintura. Que que era aquilo, Pai do Céu!!!!!!!

Depois de umas duas horas, já recuperada e morrendo de vontade de sair correndo dali, resolvi acordar, levantar, tomar banho, arrumar o meu acampamento e voltar para casa. 

Enquanto eu fazia tudo isso, a Tate passeava de elevador entre a administração, enfermaria e farmácia, para me liberar de lá.

Tudo em mãos, pegamos um táxi e viemos aqui para a minha casa, Graças a Deus, sãs e salvas. E eu, apesar de todas as dificuldades que enfrentei, agradeço ter recebido a chance de me tratar no Pérola Byington, que luta para se manter e receber mulheres que, assim como eu, precisam utilizar o SUS como forma de tratamento e chance de sobreviver ao Câncer...

Ah! O dedo do meu irmão sarou e está ótimo! Obrigada! hehehehe


2 comentários:

  1. Querida, estou muito feliz por vê-la super bem e também pela possibilidade que tive de estar com você nos momentos difíceis pelos quais passou. Obrigada. Agora, rumo ao futuro!!! Todo resto é passado! Vitória total!!! Muitos beijos carinhosos.

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    1. Te amo, Tate! Obrigada por tantas lágrimas! hehehehe! Rumo ao futuro! Se Deus quiser!
      PS.: Aposto que vc chorou quando escreveu isso... Também chorei agora respondendo! hehehe

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